Histórias de infância
Eu sou um desbocado, pois falo e só penso a meio de frases que nunca devia ter começado! Sempre é com um "rasgo" de originalidade, pois eu não penso só depois, eu penso durante! Se não estão a ver qual é a diferença eu explico: como metade da frase já saíu, tem de se arrematar o melhor possível. O pior é que a forma como acabo as frases dão-lhes sentidos inesperados que soam ainda pior.
Vou contar-vos uma pequena história da minha infância que retrata bem esta minha faceta.
A minha Avó paterna ADORAVA saír e falar com as pessoas. Para terem uma ideia de até que ponto a minha avó gostava de saír, basta que eu vos diga que Ela comprava quase todos os dias, numa leitaria longíssimo de casa dela, um pacotinho de manteiga (sim, daqueles de entrada que se vêm nos restaurantes... estou a falar a sério!) e dois "papo-secos" por dia. Claro que, depois, também era preciso ir à drogaria, talho, peixaria, mercado... enfim o sonho de todo o puto daquela idade: ser arrastado àqueles locais, andando ao passo lento (mas seguro) de uma senhora de idade avançada.
Eu ainda lhe dizia (como se tivesse descoberto a pólvora): "Sabes que há pacotes de manteiga maiores e podes comprar mais pão de cada vez??!!" Sem efeito, evidentemente.
Mas havia algo que se acrescentava à "adrenalina" de saír com a minha Avó: "as amigas". Dá-me ideia que TODA A GENTE conhecia a minha Avó - todas as reformadas tagarelas, pelo menos. Numa situação ideal, a minha avó só falaria com uma parte das pessoas que víamos na rua, a muitas, apenas cumprimentando com o "Bom dia, como vai?" da praxe e sem esperar verdadeiramente uma resposta... Na realidade, a minha Avó parava para falar com toda a gente (que, sendo reformada, parecia ter todo o tempo do mundo para falar) e havia conversa para dar e vender, sobre vidas de pessoas que eu não conhecia e nem queria conhecer.
Certa vez, eu estava a "anestesiar" com os queixumes de uma senhora. Ela contava todas as infelicidades que o filho dela tivera desde que vira o meu Pai pela última vez (tipo, na escola, estão a ver?!). Para não estar calado eu era para dizer "Ainda bem que o meu pai não passou por isso tudo!". Mas dizer isso seria terrivelmente insensível da minha parte e, até com aquela idade eu me apercebi disso, mas só a meio da frase...
Resumindo: depois da senhora quase ter chorado baba e ranho ao contar todo o azar que o filho dela tinha tido na vida, eu digo "Ainda bem!". Seguiu-se um silêncio desconfortável, no qual a mulher tentava esboçar um sorriso amarelo, enquanto certamente pensava: "Este miúdo é o Anti-Cristo!".
Vou contar-vos uma pequena história da minha infância que retrata bem esta minha faceta.
A minha Avó paterna ADORAVA saír e falar com as pessoas. Para terem uma ideia de até que ponto a minha avó gostava de saír, basta que eu vos diga que Ela comprava quase todos os dias, numa leitaria longíssimo de casa dela, um pacotinho de manteiga (sim, daqueles de entrada que se vêm nos restaurantes... estou a falar a sério!) e dois "papo-secos" por dia. Claro que, depois, também era preciso ir à drogaria, talho, peixaria, mercado... enfim o sonho de todo o puto daquela idade: ser arrastado àqueles locais, andando ao passo lento (mas seguro) de uma senhora de idade avançada.
Eu ainda lhe dizia (como se tivesse descoberto a pólvora): "Sabes que há pacotes de manteiga maiores e podes comprar mais pão de cada vez??!!" Sem efeito, evidentemente.
Mas havia algo que se acrescentava à "adrenalina" de saír com a minha Avó: "as amigas". Dá-me ideia que TODA A GENTE conhecia a minha Avó - todas as reformadas tagarelas, pelo menos. Numa situação ideal, a minha avó só falaria com uma parte das pessoas que víamos na rua, a muitas, apenas cumprimentando com o "Bom dia, como vai?" da praxe e sem esperar verdadeiramente uma resposta... Na realidade, a minha Avó parava para falar com toda a gente (que, sendo reformada, parecia ter todo o tempo do mundo para falar) e havia conversa para dar e vender, sobre vidas de pessoas que eu não conhecia e nem queria conhecer.
Certa vez, eu estava a "anestesiar" com os queixumes de uma senhora. Ela contava todas as infelicidades que o filho dela tivera desde que vira o meu Pai pela última vez (tipo, na escola, estão a ver?!). Para não estar calado eu era para dizer "Ainda bem que o meu pai não passou por isso tudo!". Mas dizer isso seria terrivelmente insensível da minha parte e, até com aquela idade eu me apercebi disso, mas só a meio da frase...
Resumindo: depois da senhora quase ter chorado baba e ranho ao contar todo o azar que o filho dela tinha tido na vida, eu digo "Ainda bem!". Seguiu-se um silêncio desconfortável, no qual a mulher tentava esboçar um sorriso amarelo, enquanto certamente pensava: "Este miúdo é o Anti-Cristo!".
Este post é uma resposta ao "Opinanço" do Raposa Branca. ;-)
4 Comments:
LINDOOOOO!
Também me aconteceu uma coisa dessas... em vez de dizer: parece que está parva... disse só parva... e ficou muita mal naquele contexto!
:p
ai ai ai
A resposta ao post foi Interiorizada! LoL.
Mas foi msm embaraçoso! Eheh. A mulher quase que te deve de ter batido, lol!
Mas isso tb me acontece quando vou àquelas aldeias alentejanas ver alguém.
E como as pessoas não são nadaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa cuscas, querem saber os pormenores todos da tua vida e cenas assim!
Dias perdidos... lol
Deixa lá Marco, não és o único. Como pudeste verificar eu continuei na faculdade... e ainda continuo...
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