Sunday, November 18, 2007

Je déteste le covoiturage (Parte II)

Disclaimer: este é dos grandes, se tiver de conduzir ou manobrar maquinaria pesada a seguir, não leia isto!

Com o dia do início da “greve negra” (quase escrevi “neve grega”, LOL) comecei a ficar preocupado: muitos transportes ficariam sem o mínimo serviço assegurado e não queria faltar uma semana ao trabalho.
Outras pessoas nas mesmas condições no meu instituto começaram a enviar, por mail, pedidos de boleia a pessoas que viessem de carro e morassem perto deles. A ideia começou a ganhar aderentes e criou-se uma secção específica no site de intranet para esta partilha de carro (“covoiturage”).
Infelizmente nenhum dos meus colegas de laboratório ou das pessoas que disponibilizaram a sua boleia moravam perto de mim. Já me estava a ver pedir boleia na rua…Até que um colega meu me falou de um gajo que conhecia e que morava em Paris. Fomos vê-lo e, para minha surpresa, eu não só já o conhecia de vista como já falei dele neste blog: descrevi-o como o “gordo seboso que exibe o seu Ipod, como se isso o tornasse muito cool" (obviamente que, agora, já sei o nome verdadeiro do fulano). Ora eu achei estranho ele vir de carro, pois via-o no comboio e autocarro frequentemente. Rapidamente a minha dúvida se dissipou: ele viria com um amigo dele nos dias de greve e teve a simpatia de telefonar ao mesmo para lhe perguntar se havia espaço no carro para mim.Mal podia esperar: enfiar-me no carro de um gajo que não conhecia de lado nenhum, a pedido de outro que também não me conhecia (“awkward”…). É a vida!
Bem, acontece que o condutor também não morava perto de mim e tive de fazer um pouco de turismo matinal por Paris para descobrir a casa dele.
À porta do condutor, eu, o gordo do iPod e uma outra gaja esperámos até à hora que havia sido combinada: 8h45m (para mim, esta hora é um pouco tarde, pois costumo chegar ao laboratório às 9h… mas, eih, longe de mim queixar-me!).
Finalmente, o condutor desceu nas calmas e disse que ainda tinha de fazer uma coisa antes e sugeriu que fossemos beber um café enquanto esperávamos (ele deve ter-se sentido culpado depois pois insistiu em pagar os cafés).
O carro estava numa garagem, num lugar tão estreito que o condutor o deixa destravado e puxa-o para poder abrir a porta e entrar.
A viagem durou uma hora e foi das horas mais longas da minha vida, pois senti-me um “outsider” todo o tempo! Eles já se conheciam há bués e todos os temas de conversa que tinham eram-me totalmente inabordáveis.
Ao som da estação mais aborrecida à face da Terra (que só transmite debates que, sinceramente, só interessam às pessoas que estão a debater!), o condutor e o gordo do iPod discutiram, nos bancos dianteiros, política e história antiga de França. Mais tarde, tive também a oportunidade de apanhar uma overdose de cultura quando se puseram a relatar os espectáculos e artistas que tinham ido ver ao teatro “Olympia”.
Atrás, eu estava com uma expressão de “Meu Deus, de onde saíram estes cromos?!” e a gaja atirava um ocasional bitaite que mostrava bem que também estava à nora.
A conversa deles degenerou a um novo baixo quando o gordo confessou que tinha no iPod os detalhes todos dos artistas e o condutor pôs a tocar um CD de Jazz cubano. Eu costumo dizer que sou eclético nos meus gostos musicais e que “gostos não se discutem”, mas jazz cubano is where I draw the line! Até música de elevador era melhor! Revirei os olhos até eles darem uma volta de 360º e tentei ser optimista, imaginando todos os possíveis acidentes que poderiam acabar com o nosso sofrimento até chegarmos ao instituto!
Quando cheguei ao laboratório, todos os meus colegas me perguntaram como estava. Com uma enxaqueca descomunal, disse entre dentes “Jazz Cubano”! Quando me perguntaram com quem eu tinha vindo reparei numa coisa “engraçada”: eu não fui formalmente apresentado ao condutor nem à gaja pelo que não fazia a mínima ideia de como se chamavam!
Confesso que estava com um pouco de miaúfa que eles regressassem a casa sem mim e cedo comecei a assediá-los para evitar esse “esquecimento” da parte deles.
Na viagem de regresso, sabendo que dia 15 seria igualmente difícil no que diz respeito aos transportes públicos, juntei todo o masoquismo que há em mim (acreditem, não é muito) e perguntei timidamente: “e, amanhã, posso vir com vocês outra vez?”

10 Comments:

Blogger Diabba said...

E se investisses numa bicicleta??
Fazias exercício e ficavas com umas pernas catitas. (além de melhorares a perfomance respiratória, entre outras...)

beijo d'enxofre

18 November, 2007  
Blogger Ju said...

Coragem! Coragem! Leva o teu iPod ou sei lá o k e mete nas orelhas enqto vais no carro. ;)

18 November, 2007  
Blogger Conguitos said...

Gemini mas que grande surpresa ao ler este post. Pelo blog nunca te imaginei numa situação dessas.
A tua personalidade ficou totalmente confusa para mim qd fazes a pergunta final.

Quem és tu???????

Pq te sujeitas a isto????

Será que a greve provoca estas alterações às pessoas??????

Assim não. Não mais greves.

19 November, 2007  
Blogger Gata Verde said...

Bem,que viagem surreal.
És um corajoso em repetir a dose(depois conta como foi).

Beijos e boa semana


(Se gostaste da Madeira,vais amar os Açores...)

19 November, 2007  
Blogger Olá!! said...

Hehe só pode ser gozo... ninguém é tão masoquista...

20 November, 2007  
Blogger aquelabruxa said...

olha, ainda não tive tempo de ler este post, mas estou no trabalho e estamos a falar da greve de frança e era só para te dizer que adoro os franceses!
REVOLUCÃO, JÁ!

22 November, 2007  
Blogger Nini said...

E o pior é que a greve continua de vento em popa !

Aguenta-te rapaz, e em vez de ter que passar por isso até os "cheminots" acharem que está naltura de acabar.....compra uma bike !

Bon courage !

22 November, 2007  
Blogger Gata Verde said...

Será que foste raptado por aqueles seres estranhos?

Beijocas e bom fds

23 November, 2007  
Blogger Marco Rebelo said...

hehehe :)

24 November, 2007  
Blogger Alien David Sousa said...

Ah homem CORAJOSO!!! lol
Beijinhos

25 November, 2007  

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