
Vejo muito menos TV cá do que via em Portugal. Acontece no entanto que, nos momentos de pasmaceira, vegetar em frente à TV é uma das poucas opções. Na casa de um dos meus tios, não tenho muito a dizer sobre o canal que se escolhe, até porque geralmente nem quero saber. O zapping por entre os mais de 300 canais fica então a cargo do dono da casa. É um "engraçado" processo de escolha: os canais em que penso "olha, isto até é capaz de ser giro" são passados rapidamente, até que se passa por um canal que me faz quase exclamar "granda merda". Como bem dita a Lei de Murphy, é mesmo nesse que o meu tio se pára. Até fico um pouco a olhar para ele, incrédulo, com um ar de "mas estás a escolher a sério ou adormeceste?" Mas não, lá está o meu tio a olhar atentamente para o televisor. Passado uns minutos de amuar em silêncio conformo-me e, como não há nada mais a fazer, lá começo a ver se percebo a história do programa eleito. E é aí que o meu tio lá se deve aperceber "este programa é mesmo uma merda" e prossegue no zapping.
Uma moral desta história é que, como muitas outras coisas na vida, há escolhas que nem nos parece importante de fazer, até que outros as façam por nós. Outra é que, quando acabamos por aceitar a merda que a vida nos impõe, a merda muda... mas, quase sempre, para uma outra merda.
Alguma vez fecharam os olhos e disseram para vocês mesmos "isto não é a minha vida!"?