Monday, February 26, 2007
Friday, February 23, 2007
Wednesday, February 21, 2007
Tuesday, February 20, 2007
Capítulo Terceiro: O Poster
Infelizmente os meus resultados, para além de serem poucos, iam completamente contra a teoria formulada pela minha orientadora: aquilo de diferente que era suposto eu ver, afinal era igual e nada de especial (o tipo de resultados com os quais não vamos a correr tentar publicar na "Nature" ...LOL)
Duas semanas antes, a minha orientadora começou a ter uma crise de nervos (com insónias e tudo), pois eu tinha um poster a apresentar e parecia-lhe demasiado calmo para quem ainda não tinha começado. Ora eu via as coisas assim: eu tinha pouco tempo e os meus resultados de estágio não levavam a lado nenhum então, se tinha outras coisas que tinha de fazer antes, decidi só pensar no imediato, pois com demasiado stress acabo por tentar fazer tudo e não acabar nada!
Certa noite ela telefona-me e, há um momento em que não diz nada - um silêncio desconfortável que quebrei com a pior pergunta possível: "mas...telefonaste para quê mesmo?" Ela respondeu:"mas porquê? Já não te posso telefonar?" Acho que imaginam como nos demos bem nos dias que se seguiram... (a verdade é que trata-se de alguém que gosta de estar preparada, com imensa antecedência e que stressa com facilidade, até porque mesmo ela precisaria de mais apoio moral e científico do seu chefe e não o tem... enfim). Como ambos temos uns momentos de "excesso de honestidade e falta de tacto", acabámos por resolver tudo a bem... até porque somos bons amigos e nos compreendemos bem.
De qualquer forma, lá o fiz ...à pressão. Se eu tivesse tido um único resultado de jeito em todo o estágio teria tentado fazer todo o poster em redor dele, mas o que eu tinha era uma série de resultados medianamente razoavelzinhos que a minha orientadora quis incluir na íntegra no poster!
RESULTADO: um poster carregado de resultados que teria de explicar em 5 minutos e que, depois de tantas alterações, teorias e conclusões pouco convincentes, já nem eu percebia.
Lembrei-me de o apresentar ao pessoal do laboratório, para me treinar e para que me dessem ideias e uma opinião. As opiniões foram: "Que horror! Está enorme e não percebi nada!" Acabei por ter uma ajuda preciosa deles, mas tive de andar a recortar papeis e a colar no poster (que já estava impresso) para re-escrever a conclusão principal (e quando digo "re-escrever", quero dizer: "a frase passou a dizer o inverso do que dizia antes")!Estive com "corte e custura" até ao momento exacto de pendurar o poster no Hall de entrada da Faculdade (onde o iria apresentar) e nem tive tempo de me treinar! Pus-me escondido num canto escuro. Estava uma pilha de nervos, a olhar para aquilo como um burro olha para um palácio e a tentar fazer alguma coisa daquilo tudo até o júri me vir ouvir e avaliar. E, nesse momento, a "Cabra-que-todos-odeiam", mete-se atrás de mim a olhar para o meu poster. Para me picar, diz: "Oh não! Isto outra vez?".
Nem respondi...
A apresentação correu mais ou menos... se bem que... o meu responsável de estágio fazia parte do júri e passou todo o tempo atrás do poster, sem olhar para ele. Só olhou para o trabalho para fazer notar que eu tinha mal escrito o nome dele!
UPS! Outro membro do júri era o chefe do meu lab. e, apesar de ter visto o poster, não fez uma única pergunta! Foi uma tortura - dava a impressão que eu estava a dizer baboseiras de uma dimensão tal que os tinha deixado "abananados"!! Com algum receio perguntei se tinha corrido bem depois e, embora ainda não saiba a nota, parece que fiquei ligeiramente acima da média... :-) Cool!
Entretanto também houveram umas interferências do estágio que teria de fazer em seguida... Não percam os próximos episódios, onde explico tudo!
Sunday, February 18, 2007
Capítulo Segundo: INRA

É o Instituto Nacional de investigação (Recherche) Agronómica e fica, muito coerentemente, no campo, com cavalos e vacas a pastar e tudo. Mais complicado de atingir em transportes públicos do que a minha faculdade, tornava-me os dias enormes e cansativos.

No primeiro dia, tivémos de escolher artigos científicos que teríamos de apresentar em seminários de 20min. em powerpoint. Um dos responsáveis das aulas disse: "Vocês têm de escolher artigos que não tenham nada a ver com os vossos estágios, para ser mais simples." Eu, em frente dele, virei-me para a minha colega do lado e fiz ver o quanto aquela frase era ridícula: "Portanto, temos de escolher temas dos quais NÃO SABEMOS NADA DE NADA, pois assim será MAIS SIMPLES... ok..." (ele devia é ter dito que era mais justo, e não mais simples!LOL). Eu acabei por escolher um artigo que tinha a ver com o estágio que eu viria a fazer e para o qual ainda não tinha feito bibliografia nenhuma, para matar dois coelhos de uma cajadada só... Como me arrependi no final: era o artigo maior que eles tinham, com 8 capítulos de resultados diferentes!

Quanto às aulas: haviam umas boas e interessantes, mas muitas eram super aborrecidas, sem ponta por onde se pegue. Após cada uma, esperavam que aplaudíssemos e a responsável vinha explicar-nos porque razão a apresentação de merda que acabáramos de ver era, afinal, muito interessante e pertinente no quadro geral do tema...
Tivémos uma professora que falava TODO (mas sem exagerar, TODO) o tempo de costas para nós, só a olhar para os diapositivos e a falar para eles em monotom (o ideal para ser ignorada). O cómico é que a gaja lá devia dizer uma piada no seu discurso, mas como ninguém a estava a ouvir, ela soltava risos sozinha, como uma maluca. Nós, aliás, só acordávamos na parte dos risos. Também tivémos uma professora que parecia que estava à beira de um esgotamento, falava mais baixo do que eu sussuro e parecia que corria o risco de desatar a chorar a qualquer momento! LOL Ah, é verdade: houve um investigador do Instituto biológico de Roscoff que falou, mas não conhecia a Ju.

Comíamos super bem lá (eu quase que já lá só ia pelos almoços...LOL), mas tinhamos um colega que, sendo médico, insistia em acabar as refeições a falar de como ficamos por dentro comendo porcarías, descrevendo colonoscopias com demasiado detalhe e era o descalabro daí em diante... estou a tentar recalcar as memórias das imagens traumatizantes que ele retratava. De qualquer forma, um outro colega meu exaltou-se nessa discussão e lá veio com a frase da praxe "a mim é que ninguém me enfia nada no cu!"

Ele há cada um...!
Pucca!

Então não é que encontro esta mesmíssima imagem como ecran de fundo de um investigador do meu laboratório anterior que agora está a ocupar o meu PC? Depois de recuperar a visão e do choque de ver tanto rosa de uma vez só, perguntei-lhe que merda era aquela que estava a abichanar o meu ex-computador (Ok, confesso que não formulei exactamente assim a questão, mas foi o que pensei). E o gajo respondeu: "Ah, eu gosto de coisas desviadas"! Um homem de uns 40 anos com este wallpaper? Conseguiste: não podias ser mais desfasado!
Mas isto (como diz a Alien) sou só eu... ;-)
Saturday, February 17, 2007
Capítulo Primeiro: Envelhecimento em Toulouse
Vamos lá recapitular...
Depois de dois "saltos" de avião a Portugal, voltei a França apenas para apanhar outro (estou farto de aeroportos) que, agora, me levaria de Paris a Toulouse. Apanhei frequentemente tempestades nas aterragens, o que confundiu um pouco o meu sistema digestivo... enfim... Continuando:
Tive aulas de Alzheimer e envelhecimento vascular em Toulouse.

Era um curso organizado por uma companhia farmacêutica: vocês não estão bem a ver o luxo...LOL Estou a exagerar, mas foi engraçado. Muita galhofa: eu tinha sempre parvoíces para animar, pois as aulas eram muito longas e chatas, até fiz uma banda desenhada, vejam lá!

As aulas eram todas no hotel onde ficámos instalados: descíamos do quarto para o pequeno-almoço às 7h30m e as aulas começavam às 8h, numa sala pegada ao restaurante do Hotel. Parávamos para almoçar e tínhamos mais umas aulas até às 17h ou 18h. Se não tivéssemos saído uma noite não tinhamos visto nada de Toulouse!

Anyway, no fim, depois da publicidade e visita da área comercial da empresa tivémos direito a produtos de Higiéne/cosmética da marca deles (COOL!!).
De regresso a Paris, foi um Stress para estudar para os exames de todos os módulos de envelhecimento que fizémos (eu só tinha de estudar para dois: o que Orlens e Toulouse, mas houve quem tivesse de fazer 4 exames de 1h30m no mesmo dia!).
... Não percam os próximos episódios que, esta, é uma história sem fim.